Confira o depoimento da aluna Isabela Victoria, do curso de Direito da UCSal, que foi recém aprovada para o Programa de Mobilidade Acadêmica:
Por incrível que pareça, desde nova tinha o desejo de ir para Portugal para realizar um intercâmbio, porém nunca foi algo que tirei do papel, esperava que só fosse algo possível depois de ter a “minha própria vida” e sair das asas dos meus pais.
Quando fui estudar na UCSAL vi que essa realidade não estava tão longe do meu alcance, mas mesmo assim demorei muito a tomar uma atitude e fazer a minha inscrição, passava dentro de mim uma insegurança muito grande. Depois que a pandemia chegou, não via essa possibilidade mais, até que então descobri que haveria a mobilidade novamente e quando vi as inscrições já estavam abertas a algum tempo e por mais que eu tinha noção do que desejava, não conseguia me inscrever, quando realmente tomei a coragem de me inscrever apenas no último dia bem nos 45 minutos do segundo tempo. Ai pronto, vivia em constante ansiedade para saber o resultado, até olhar as datas dos resultados mais antigos, eu olhei e no dia que o resultado saiu eu já sentia que seria naquela data, não consegui fazer nada até o resultado sair.
Eu vivi uma ansiedade tão grande antes do resultado sair que no momento que vi o meu nome na lista, apenas senti paz e um imenso alívio dentro de mim (mal sabia que aquilo ali não teria sido 1/10 da mistura de sentimentos que estava para viver). Logo de cara vi que a outra menina do curso de direito que havia passado, eu já conhecia de um projeto que participei da UCSAL e fiquei bem feliz por estar um pouquinho menos perdida nessa aventura/loucura que me meti.
De cara um grupo foi feito com o restante do pessoal que havia passado, e pasmem tem uma menina do mesmo interior em que eu moro (Caetité vai dominar o mundo), então essas situações só foram me acalmando mais ainda.
Dona Roberta desde o primeiro encontro foi uma mãezona para todos nós, não sei como deu conta de tantos e-mails que eu enviei para ela, como eu sempre digo: depois que vi aquele resultado, passei a respirar apenas o intercâmbio, pois a todo momento eu buscava alguma coisa, queria saber o máximo possível para me preparar.
Quando o primeiro encontro foi marcado Roberta logo nos colocou na parede perguntando se realmente tínhamos o interesse de ir (acho que ela falou se nós íamos mesmo, colocando na parede mesmo, mas pra aliviar vou dizer dessa forma). Naquele momento teria que assumir a responsabilidade e ir atrás de tudo que fosse necessário para poder tornar o meu sonho uma realidade. De cara eu encontrei apoio, mas também encontrei pessoas para poder desmotivar também, mas engoli isso tudo e segui em frente, pois a minha preocupação naquele momento era levantar dinheiro suficiente para resolver algumas coisas que eram necessárias naquele momento, então comecei a fazer rifas para conseguir resolver tudo.
Fui tirar o meu passaporte, pense em um dia que nada parecia dar certo? Foi aquele, a minha calça rasgou no caminho do SAC, e tive que me arrumar dentro do carro, pois caso contrário não chegaria a tempo, por fim deu certo, mas pra buscar, também deu errado. Meu passaporte estava em um SAC e eu fui buscar em outro, simples assim.
Em seguida, comecei a me organizar para poder preencher a minha candidatura e ir atrás dos demais documentos para poder ir solicitar o meu visto, mas eu precisava aguardar a carta de aceite ser enviada pela U. Porto para poder fazer essa solicitação e isso acabou dando um espaço de tempo para mim e os demais colegas, então nós demos uma pequena relaxada e isso fez com que Roberta puxasse nossas orelhas.
Então, no dia 5 de novembro a minha carta de aceite saiu e a partir dali foi preciso correr atrás dos documentos que faltavam para poder solicitar o meu visto, assim que consegui reunir tudo fui para Salvador e lá ainda consegui ter a proeza de errar a documentação que deveria apostilar, no fim tudo deu certo, meu visto acabou sendo autorizado no dia 23 de dezembro, achei que levaria mais tempo, mas ainda bem que saiu antes do previsto.
Nesse meio tempo várias inseguranças vieram à tona, pois houve um problema nas passagens dos meus colegas e na minha não, o que trouxe um certo nervosismo para todos nós. Também me preocupa muito o fato de ir morar com pessoas totalmente desconhecidas e lógico, ser em outro país e outro continente. Sempre fui desenrolada e independente para resolver as minhas coisas então acho que vou me sair bem no final das contas. O que mais me deixa preocupada é a questão financeira, pois o euro e o real possuem valores totalmente diferentes e por mais que a minha família tenha uma condição estável isso vem preocupando bem mais que as outras questões.
Um outro ponto que ainda vem me tirando o sono é a questão de como vou lidar com a saudade de todos que deixarei aqui no Brasil, apesar de estudar em Salvador, a minha família mora no interior, infelizmente não vou poder pegar apenas um ônibus para ir para casa e ao chegar ter abraços tão calorosos que fazem até o frio do Alasca sumir. O que me acalma é sentir e poder ver todo o apoio que estão me dando nesse momento, penso que vai passar rapidinho e logo estarei de volta para poder receber os abraços quentinhos!
No mais, sinto que todo esse processo veio para me ensinar bastante, principalmente a entender que nem tudo é no meu tempo e nem da minha forma, acho que de toda forma vou amadurecer bastante e vou ser eternamente grata por tudo.
Para mim é o momento de dar voos mais altos, leves e voltar com a bagagem cheia de experiências para agregar em todos os âmbitos da minha vida.
VOU CONHECER O MUNDO!